Estatismo e corrupção
Ney Carvalho
A
história brasileira não conhece episódios de corrupção endêmica como aos que
hoje assistimos, nem no Império nem na República Velha. Ambos foram regimes em que o Estado se mantinha alheio aos negócios e à
vida privada. A origem da corrupção é claramente identificável.
O crescimento da influência estatal sobre
a economia nasceu na ditadura Vargas nos
anos 1930. Vargas foi o principal responsável pelo aumento do poder do
Estado mantido, inexplicavelmente, pelos
regimes liberais que se sucederam
após sua destituição.
Naqueles
tempos foi uma constante a criação de
repartições públicas como autarquias, conselhos, departamentos,
inspetorias, institutos e, sobretudo,
empresas estatais. Surgiram a Vale do Rio Doce e a Siderúrgica Nacional. De
um dos presidentes da primeira dizia-se
que havia bebido o rio, comido o doce e deixado um vale no caixa.
A segunda
chegou aos anos 1990 inadimplente com 44
bancos e fornecedores diversos, além de todos os impostos e contribuições.
Tinha linhas de produção paralisadas por falta de insumos, e foi possível reduzir o quadro funcional em um terço do efetivo. Essas duas empresas foram salvas da
onda de corrupção atual pelas
privatizações.
As
companhias lançadas no mandato de Vargas entre 1951 e 1954, Petrobras, BNDES, e
Eletrobrás não foram privatizadas e
estão hoje em todos os cardápios de corrupção, prejuízos, delações
premiadas e demais mazelas a que temos assistido.
O poder quase
absoluto do Estado sobre a economia está na raiz da corrupção. Ela atinge todos
os contribuintes e, portanto, a coletividade, pois é ela que pagará a conta. Quanto mais ascendência o Estado tiver
sobre a economia, mais corrupção existirá na sociedade respectiva.
E o
Brasil é vítima evidente do estatismo criado nos anos Vargas, mantido nas
etapas posteriores, inclusive no regime
militar, e exacerbado no período lulopetista.
É escritor e historiador
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