sexta-feira, 26 de maio de 2017

Monarquia = respeitabilidade e estabilidade



A restauração da monarquia

Flavio Saliba Cunha

O que se segue parecerá, a muitos, o resultado de um delírio conservador. Trata-se, no entanto, de mera conjectura sobre uma alternativa para superação da crise que a delirante vida política nacional nos impõe: a da restauração da monarquia parlamentar.
Tomem essa sugestão menos como uma simpatia anacrônica pelo ritualismo e pela pompa das velhas famílias reais que habitam o imaginário popular do que como simples provocação.


Os acontecimentos dos últimos dias agravaram a crise política nacional, a ponto de se falar de um vácuo de poder que põe em risco nossa frágil democracia, nossa cambaleante economia e, mesmo, a convivência social civilizada. O eventual afastamento do presidente Temer gera um cipoal de problemas a sua sucessão. Preceitos constitucionais, processuais e morais inviabilizam a posse daqueles que, embora situados na linha sucessória, devem contas à Justiça.

O noticiário aventa soluções tais como a de empossar a presidente do STF para cumprir o resto do atual mandato presidencial, o que me parece uma sábia solução de emergência. Já o apelo oportunista por “diretas já”, orquestrado por sindicalistas, estudantes e partidos de esquerda, caso atendido, representaria um retrocesso sem precedentes, posto que não há à vista lideranças capazes de preencher os requisitos indispensáveis a um chefe de nação.
Outra possibilidade seria a eleição indireta de um civil, mas desconheço o ilustre brasileiro que pode ser alçado, de imediato, à condição de presidente da República aprovado por parlamentares desprovidos de legitimidade perante a opinião pública.
Finalmente, se a opção pelo regime parlamentarista tem sido, insistentemente, apontada como a solução ideal para a governabilidade e a estabilidade das instituições, por que não cogitar sobre uma eventual restauração da monarquia parlamentar? Afinal, tivemos uma história de quase cem anos de monarquia que em nada fica a dever à experiência republicana, que, aliás, resultou de um golpe perpetrado, por motivos torpes, pelo marechal Deodoro da Fonseca.
Não sou historiador, muito menos um estudioso da monarquia, desconhecendo, portanto, o perfil do herdeiro do trono do Brasil. Vale considerar, no entanto, que perante o resto do mundo a volta à monarquia, aparentemente esdrúxula e extemporânea, pode sinalizar para a maior respeitabilidade e estabilidade de nossas instituições políticas e econômicas.

Talvez não seja mera coincidência o fato de países democráticos, politicamente estáveis e ricos, como o Reino Unido, a Holanda, a Noruega, a Dinamarca, o Japão e a Espanha, serem monarquias em que os soberanos mandam pouco, mas funcionam como esteios da estabilidade das instituições nacionais. O primeiro-ministro, democraticamente eleito, incumbe-se de exercer as funções afetas a quem governa de fato.

Fonte: "O Tempo"

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