terça-feira, 6 de maio de 2014

Invada que o PT garante!


Haddad admite regularizar terreno
 invadido próximo do Itaquerão



A declaração ocorre pouco mais de um mês depois de ele prometer regularizar outra invasão, conhecida como Nova Palestina, na zona sul da capital, onde vivem cerca de 8.000 famílias.

Assim como ocorreu no mês passado, o prefeito sofre pressão do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) para regularizar a invasão em Itaquera, batizada de Copa do Povo, em alusão ao Mundial.

Na madrugada do último sábado, sem-teto que chegaram em ônibus e carros montaram centenas de barracas no terreno.

Haddad disse que a área pode ser destinada à população de baixa renda caso o dono - não identificado até ontem - tenha dívidas de IPTU, como alegam os sem-teto.

"É possível [regularizar] e o momento seria agora. Eu pedi para apurar a situação fiscal, quem é o proprietário, se a área é possível para a produção de moradias", afirmou Haddad, que diz existir "pressão enorme" por moradia.

O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, afirmou que agora voltará a pressionar a Câmara, onde apresentará uma emenda ao Plano Diretor para que o projeto inclua o terreno de Itaquera -de 150 mil m²- no mapa de moradias populares.

Na semana passada, um dia antes da aprovação do plano, os sem-teto entraram em confronto com a PM na frente da Câmara após a interrupção da sessão que discutia o projeto.

Em abril, o prefeito subiu num carro de som do MTST e prometeu transformar a Nova Palestina - invasão em área de preservação no Jardim Ângela (zona sul) - em área de habitação popular.

Ele, porém, condicionou isso à aprovação do Plano Diretor e sugeriu que os sem-teto fossem cobrar os vereadores na porta da Câmara.

Presidente da comissão responsável pelo plano diretor, o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) disse que as "as palavras de Haddad são um estímulo a invasões".

"Já há áreas de interesse social suficientes, o que precisa é construir nelas. Ninguém precisa invadir", disse.

Presidente do Secovi (sindicato da Habitação), Cláudio Bernardes, criticou os sem-teto. "Essa postura [invadir] é um perigo para a democracia. Reconhecemos a necessidade de moradia, mas invasão de propriedade é um ato ilegal", afirmou.

Hoje, um grupo do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) iniciará uma marcha em Itapevi (Grande São Paulo) em direção à capital, onde farão um ato junto com os sem-teto para reivindicar moradia e reforma agrária. 

CÉSAR ROSATI

GIBA BERGAMIM JR.

STEFANIE SILVEIRA
Folha DE SÃO PAULO


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