sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Agronegócio já incomoda lá fora



 Muito além das commodities

 Edivaldo Del Grand (*)   

As perspectivas do agronegócio brasileiro são as mais promissoras dos últimos anos. A projeção da produção para 2014 é de 205 milhões de toneladas de grãos.
Nos últimos dez anos, o setor registrou forte expansão, acima de 50%. E a presença do agronegócio brasileiro no mercado externo é cada vez mais forte.

Esse papel incomoda. O agronegócio brasileiro sempre cresceu tendo que enfrentar os interesses de países da União Europeia e dos Estados Unidos que, apesar do discurso liberal e pró-mercado, são pródigos em criar barreiras e para impedir a comercialização de nossos produtos.

Na verdade, esses países impõem tarifas protecionistas para barrar produtos brasileiros porque têm que proteger uma agricultura menos produtiva. As vitórias do Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC), como no caso do algodão em relação aos EUA, dão um testemunho da situação.

Para ajudar, o Ministério da Agricultura tomou uma importante medida ao criar, em 2010, o cargo adido agrícola em oito embaixadas brasileiras: Buenos Aires (Argentina), Washington (EUA), Genebra (Suíça), Bruxelas (Bélgica), Moscou (Rússia), Pretória (África do Sul) Pequim (China) e Tóquio (Japão). Para que a missão possa ser cumprida, se faz necessário abrir cargos em mais países.

O agronegócio, portanto, vem ajudando o Brasil a conquistar novos mercados. Os produtos agrícolas têm grande peso na balança comercial, além de movimentar o mercado de máquinas, equipamentos e insumos.

Os impactos internos também têm ajudado a criar ilhas de prosperidade no Interior. Mas esse bom desempenho no setor deve ser considerado como mais uma etapa no processo de evolução do comércio exterior.

Agora, já está mais do que na hora de o Brasil dar um salto nas relações comerciais globais, superando a fase de vender apenas commodities, que são produtos de baixo valor agregado.

Para inverter a lógica e ampliar a comercialização de produtos com valor agregado, é necessário adotar medidas como a criação ou ampliação das cadeias produtivas.

A soja, por exemplo, pode ser processada em óleo para exportação; e o frango pode ser oferecido em cortes diferenciados.

Precisamos investir mais em tecnologia e inovação e estabelecer uma política industrial definida. Dessa forma, poderemos ampliar a criação de empregos e qualificar a mão de obra.

Com uma pauta de exportações com mais produtos de alto valor agregado o Brasil, cujo comércio externo já é pujante, terá muito mais força para combater ações protecionistas dos países industrializados e melhorar as regras do comércio mundial.

(*) Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP)

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