segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Na ponta do revólver...



 

Em meio ao confisco de terra no Brasil, cidades inteiras são evacuadas na ponta do revólver
Por Alex Newman
“The New American”, 7-1-2013

Tradução de Helio Viana
Agentes da Polícia Federal  brasileira e policiais militares, alguns portando insígnias das Nações Unidas, estão removendo comunidades inteiras no Brasil na ponta da arma, sob o pretexto de repor enormes extensões de terra para um pequeno grupo de índios, cujos ancestrais alegadamente estiveram lá em algum momento.
Milhares de moradores que viveram na região há décadas, ou que até nasceram lá, no entanto estão reagindo com críticas, dizendo que as ações do governo ressumam stalinismo e podem constituir crimes contra a humanidade.
Desde que começou em novembro a última operação controvertida, no Mato Grosso, de acordo com autoridades e reportagens, cidadãos que se opunham a ser despojados de suas propriedades e casas foram fazendo de tudo ao seu alcance a fim de parar o ataque.

Foram criados bloqueios nas estradas, lutando com pedras, paus e coquetéis molotov contra forças federais fortemente armadas, incendiando caminhões do governo, protestando, e recusando-se a sair.

Outros choravam enquanto derrubavam suas próprias casas simples aos olhos de guardas armados. Repórteres que estão no local e legisladores federais temem que o derramamento de sangue possa estar próximo.

O governo, porém, prometeu expulsar as comunidades a qualquer custo, ameaçando com sanções criminais e até com o confisco do pouco que lhes resta de suas propriedades, aqueles que se recusarem a obedecer.

Balas de borracha, gás lacrimogêneo, ameaças de balas reais e processos têm sido empregados para remover à força os moradores locais, que o governo continua a desumanizar tratando de "invasores" e "intrusos".

Os críticos e os residentes locais acusaram o governo do Brasil de corrupção em massa, dizendo que seu objetivo final é destruir a propriedade a privada e qualquer potencial resistência – começando pela população rural.

Eles argumentam, entre outros pontos, que as autoridades federais estão intermediando a licitação de interesses estrangeiros, e que estão em conluio com a ONU, com as grandes corporações internacionais e com organizações não-governamentais ocidentais como o Greenpeace, além de outros interesses.

”Este é apenas um caso entre muitos outros. A política do governo de esquerda do Brasil é desmantelar o País, a fim de entregar tudo para ‘reservas nativas’ que nada mais são que instrumentos de ONGs estrangeiras bilionárias", explicou o escritor brasileiro de renome e filósofo Professor Olavo de Carvalho, que tem desempenhado um papel fundamental em expor a bem-orquestrada conquista socialista da América Latina.

A chamada "maré rosa" que paira sobre a região está sendo conduzida em parte por altos funcionários do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, que atualmente detêm o poder, colaborando com os regimes totalitários da região. 

Como The New American tem amplamente documentado, uma rede obscura de partidos políticos socialistas e comunistas, bem como grupos terroristas marxistas conhecidos como Foro de São Paulo – fundado pelo ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio "Lula" da Silva, pelo tirano comunista Fidel Castro, pelos sandinistas e outros – agora domina a política latino-americana.

A justificativa usada no caso mais recente de confisco de terra – em Suiá-Missu, no Mato Grosso – é, no entanto, incomparável em termos de cinismo, disse ao New American o líder conservador brasileiro Carvalho. 

"Séculos atrás, os índios brasileiros costumavam evitar se estabelecer em um determinado lugar; eles viajavam longas distâncias e criavam residências temporárias ao longo do caminho", explicou. 

"O governo brasileiro aceitou a tese de alguns antropólogos segundo a qual onde quer os índios tivessem enterrado algum de seus mortos, subitamente a terra pertence a eles. A população da Suiá-Missu é de pessoas pobres e trabalhadoras que não têm nenhum meio de responder à força bruta do governo comunista".

Cerca de 400.000 acres de terra no estado do Mato Grosso, com inúmeras cidades – pelo menos uma das comunidades, em Estrela do Araguaia, abrigou por volta de 7.500 moradores completos, com igrejas, escolas, hospitais, cemitério, etc., embora o governo afirme que os números são menores – teriam sido aparentemente entregues a um grupo de índios na década de 1990, por um decreto oficial. 

As escrituras dos proprietários não foram consideradas nem lhes foi oferecida qualquer compensação. As autoridades começaram o despejo forçado de todos os não-índios no final do ano passado, após darem aos residentes apenas 30 dias para desocuparem "voluntariamente" a sua terra. A maioria se recusou a ir.

“Nos últimos dias de dezembro, a força-tarefa do governo encarregada de expulsar os moradores da terra indígena Maraiwatsede, no Mato Grosso, priorizou a expulsão da comunidade de Posto da Mata, um centro de resistência feroz contra o retorno da terra aos índios Xavante” – disse a Fundação Nacional do Índio (Funai), do Ministério da Justiça, em declaração no início de janeiro. 

"Oficiais de Justiça estabeleceram o prazo limite de 4 de janeiro para os residentes evacuarem a área. Quem não sair até essa data terá seus pertences confiscados pela Justiça e responderá pelo crime de desobediência”. As tensões continuam acesas, e a evacuação longe de estar completa.

Cerca de 3.000 pessoas viviam em Posto da Mata, incluindo 700 crianças da escola que agora ficarão sem teto se o governo prosseguir em seu caminho. "Onde ficaremos? Onde vamos viver? Do quê vamos viver fora? O que vamos comer daqui para frente?" – perguntou chorosa, em entrevista de TV, uma menina de uma das escolas da cidade. "Eu vivi aqui todos os meus 17 anos e não vou embora".

Um menino de oito anos de idade, também chorando, leu uma carta para a presidente brasileira, Dilma Rousseff, uma "ex"-terrorista comunista durante o regime militar, pedindo-lhe para não deixar a polícia derrubar a casa de sua família. 

Dilma Rousseff e sua administração, no entanto, parecem impassíveis, com o poderoso regime brasileiro marchando avante, indiferente à tragédia humana deixada em seu rastro.

"O governo federal está aderindo à decisão judicial com firmeza e serenidade", disse em um comunicado de imprensa o ministro-chefe Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. "Ações violentas e ilegais não serão toleradas e medidas adequadas já estão sendo tomadas".

Os moradores, no entanto, ainda estão pedindo ao governo para suspender a bárbara relocação, dizendo que ela vai quebrar milhares de vidas. Os manifestantes rasgaram e queimaram bandeiras do Brasil, enquanto líderes políticos locais, estaduais e até federais expressaram indignação por aquela transferência brutal. 

O deputado Valtenir Pereira, por exemplo, advertiu um funcionário superior sobre o crescente risco de derramamento de sangue à medida que a batalha se enrijece. Ele também disse que a deslocação forçada de famílias arriscou danificar a imagem do Brasil e sua reputação diante da comunidade internacional.

"Eu disse a ele que a comunidade internacional está ciente do problema. Nós estamos correndo o risco de permitir que ocorra derramamento de sangue. O conflito já começou, tivemos incidentes entre a polícia e moradores que não querem deixar a área", disse. 

"Eu também disse que este conflito pode se tornar uma mancha de sangue na presidência. A presidente Dilma e seu vice-presidente não podem deixar que isso aconteça, caso contrário eles vão manchar a imagem do Brasil internacionalmente. A solução depende apenas da presidente".

A história da terra está em disputa, mas parece que na década de 1960 as autoridades brasileiras podem ter expulsado índios locais da região e levado para centenas de quilômetros de distância antes de venderem a terra.

O objetivo era supostamente incentivar os brasileiros e os produtores agrícolas em particular a se estabelecerem na área, que viu um afluxo constante de novos moradores ao longo das décadas seguintes.

Muitos moradores e até mesmo analistas externos questionam se a terra foi realmente habitada por índios. Inclusive alguns índios xavantes têm falado, explicando que o seu povo sempre viveu em outra região, com outro clima e tipo de vegetação.

A ONU e o Greenpeace, porém, estavam fortemente envolvidos na promoção da ideia durante a recente conferência Rio + 20 sobre o "desenvolvimento sustentável", no Rio de Janeiro, fazendo desfilar em torno das instalações um grupo de índios em bizarras cerimônias de adoração à "Mãe Terra" e apelando para um regime planetário. 

Greenpeace tem, é claro, um registro atroz quando se trata de povos indígenas, e sob o pretexto de pseudo-ambientalismo já destruiu inúmeras comunidades nativas americanas ao longo dos anos.

No entanto, os tribunais decidiram em 2010 que o decreto executivo chutando todos os moradores não-índios para fora da área, sem indenização pela perda de suas propriedades e casas, poderia avançar. 

Pouco tempo depois, a decisão de forçar os moradores a deixarem suas terras foi colocada em espera. Em maio de 2012, contudo, um outro tribunal disse que a transferência poderia prosseguir.

Também essa decisão foi interrompida, mas o Supremo Tribunal Federal decidiu que os despejos podiam eventualmente prosseguir conforme planejado. Em 7 de novembro, os moradores foram notificados que deveriam embalar o que podiam e partir dentro de 30 dias, ou enfrentar a fúria do governo federal. 

Alguns teriam saído, atraídos por promessas governamentais de bem-estar e de nova terra em outro lugar para alguns pequenos agricultores escolhidos, mas um número muito maior ficou. Aos fazendeiros e agricultores com propriedades maiores nada foi oferecido.

"Segundo a lei brasileira, como os invasores permaneceram ilegalmente na terra indígena sabendo que é propriedade federal, não têm direito a qualquer indenização", disse numa declaração ao jornal The New American um porta-voz da Funai, departamento indígena do Ministério da Justiça, sem abordar a questão dos títulos de propriedade, agora anulados, na posse de residentes. 

"No entanto, o governo brasileiro age para reassentar aqueles que satisfazem aos critérios da política de reforma agrária no Brasil".

É claro, a expropriação de terras no Brasil não é nada de novo – durante décadas, o governo tem demonizado os "grandes" agricultores e os pecuaristas "ricos", tomando e redistribuindo a propriedade no impulso da chamada "reforma agrária". Ainda recentemente, antigos residentes de outras regiões também foram expulsos sob o pretexto de "terras indígenas". Na vizinha Venezuela, entretanto, o homem forte socialista Hugo Chávez também vem roubando grandes quantidades de terras de seus proprietários, alegando a suposta necessidade de "redistribuir a riqueza".
Mas, a exemplo do que aconteceu com a "reforma agrária" de Mao na China comunista, que foi retratada como um movimento inocente até contribuir finalmente para o assassinato de dezenas de milhões, os agricultores e opositores do assalto na América Latina temem o pior. 

"O objetivo de destruir o setor rural no Brasil, um dos mais fortes do mundo, está longe de terminar", disse ao The New American o ativista e fazendeiro conservador brasileiro Walber Guerreiro, observando que, como todos os comunistas, os líderes do atual governo do Brasil esperam esmagar a mentalidade independente dos agricultores e pecuaristas. "Mas é uma prioridade absoluta para a agenda marxista".

Guerreiro, que conhece algumas das vítimas no Mato Grosso, também citou tratados internacionais que declaram que o deslocamento forçado é crime contra a humanidade, dizendo que era hora de a comunidade mundial falar sobre os abusos desenfreados e cada vez mais graves perpetradas pelo regime brasileiro. 

Ele teme que, se for permitido às autoridades continuar avançando com impunidade selvagem, cidades maiores serão as próximas, e mais vítimas serão brevemente despojadas à força de suas casas e propriedades, sob o cano de uma arma.

Também alarmante, disse ele, foi que alguns dos veículos militares usados ​​para aterrorizar e expulsar os moradores locais ostentavam a mesma insígnia da ONU empregada pelas forças internacionais, denominada "manutenção da paz". 

Documentação de vídeo mostrou, e as autoridades federais brasileiras confirmaram para The New American, que as tropas e equipamentos esportivos do logotipo da ONU estão realmente envolvidos na operação. 

Entretanto, as autoridades alegaram que a controvertida organização global não estava realmente envolvida e que os soldados e equipamentos tinham retornado recentemente de operações de "manutenção da paz" no exterior, daí a insígnia.

"Minha família está nestas terras que trabalhamos desde os anos 50, mas é claro que nada, nem mesmo o tempo de nosso trabalho, a nossa obediência às leis, a escritura da terra, o nosso grande volume de produção – nada pode nos proteger", disse. "Podemos de repente ser informados de que há ‘terra indígena’ sob as nossas fazendas e, a partir desse ponto em diante, não podemos fazer nada em nossa defesa".

Depois que isso foi feito com os agricultores e pecuaristas, novas classes de vítimas estarão na mira. "Nada no Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil garante segurança civil e este processo não vai acabar apenas com a perseguição aos agricultores", concluiu Guerreiro. 

"No final, todo mundo vai ter sua propriedade desapropriada, exatamente como aconteceu em Cuba, o paraíso dos sonhos do PT".

Como The New American informou anos atrás, as forças socialistas e comunistas estão fazendo significativo progresso em toda a América Latina, com grande apoio do exterior e apenas um punhado de governos nacionais resistindo à tendência. 

Entretanto, considerando o recente nascimento da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL ou Unasul) – uma espécie de União Europeia transnacional dominada por regimes socialistas auto-identificados – os povos de todo o continente estão enfrentando a perspectiva muito real de uma tirania brutal em um futuro não muito distante. 

E sem um protesto maciço, os agricultores e trabalhadores pobres do Suiá Missu definitivamente não serão as últimas vítimas.

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Alex Newman, correspondente estrangeiro de The New American, está atualmente residindo na Europa, depois de crescer na América Latina, incluindo quatro anos no Brasil. Ele pode ser contatado pelo anewman@thenewamerican.com.
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